sexta-feira, 14 de junho de 2013

Considerações humildes do sofá sobre os distúrbios na Paulista

Meu primeiro post de verdade não era este. Era sobre o novo disco da Shannon Wright, In Film Sound. Eu estava meio na metade dele, ainda insatisfeito com o que escrevi. Ou podia ser um enorme texto sobre os X-Men que estou escrevendo há mais tempo, onde estou tentando encontrar o porquê de eu achar a revista um dos melhores pontos de entrada de um leigo para as HQs, e como a revista mensal se confunde com minha história pessoal. Também estou bem enrolado com esse texto. E também estou pensando sobre o foco que queria dar no blog, se era sobre música, sobre temas fixos ou só um despejo de textos que eu escrevo, sem nenhuma linha específica (afinal, é meio que só pra mim mesmo e poucas pessoas lerem).

Mas aí deu merda na manifestação. Eu não sou um cara que fica vomitando publicamente opiniões a cada acontecimento, mas meus amigos sabem que eu faço isso na esfera pessoal. E eu adoro pensar política, mesmo que ache enfadonho 90% do que é escrito e me frustre com a falta de debate e de entendimento,

Enfim. Escrevi o que penso no momento. Acho que é um bom motivo pra escrever. Leia o texto inteiro se der, tem pontos e contrapontos:

Sou crítico as passeatas realizadas contra o aumento da passagem dos transportes públicos de SP. Não sou particularmente contra o aumento também, que não acho abusivo como tal. O que acho abusivo é o preço em si - é muita grana R$ 3,20, assim como já eram 3 reais – dado o serviço oferecido. Sou sim a favor do protesto por melhorias, por uma cidade melhor, por um preço condizente, mas me oponho a maneira que eles são organizados. Isso porque acho um tanto infantil a lógica do “só incomodando funciona” sendo aplicada da maneira que é: incomodando o povo mais que o poder público. Pra mim é sempre um pouco estúpido paralisar totalmente a região da Paulista, que dá acesso a quase uma dezena de hospitais (no passado um sindicato já foi processado por ter causado uma morte involuntária dentro de uma ambulância presa no trânsito). Ainda mais com alguns idiotas quebrando ônibus, estações de metrô, lixeiras, depredando propriedade privada ou pública. O cara no carro, seja de classe alta, média ou baixa tem o direito de querer chegar em casa depois de um dia de merda, e dias e dias de protestos, trânsito e quebradeira só jogam a opinião dele contra a causa.

Sou da opinião que sim, barulho tem de ser feito, mas na frente das portas certas, na frente do poder público, nosso objeto de insatisfação. Acampamentos e passeatas nas portas do Palácio do Governo, da Prefeitura, da sede da Secretaria dos Transportes. O trânsito ia piorar? Claro, mas a mensagem é clara: não é o trânsito o alvo, e sim aquele poder estatal, responsável pelo serviço porco. Essa é minha opinião sobre os protestos e sua dinâmica.

Sobre a discussão gerada, me decepciona a polarização extremada de gente que devia ser mais esperta que isso: ou estás conosco ou és o inimigo. Ou você é pró protestos e é taxado de vagabundo, ou você é contra e é taxado de reaça. Claro que esse fla-flu já tá incomodando faz tempo, e apesar de achar importante se posicionar, acho mais importante se preocupar em achar o SEU posicionamento, não comprar um já pronto. Explico-me. É importante procurar ler sobre os protestos, sobre as propostas do MPL, sobre o que pensam os partidos e amigos, ouvir e ler os relatos e formar sua opinião a partir daí. O que não dá é aceitar um leque de causas porque vem no pacote. Você pode ser pró-protestos mas se incomodar com o uso dos participantes como massa de manobra partidária. Você pode ser contra a paralisação de uma via importante mas achar a causa válida.

O que nos traz até o dia de ontem (13/06/13). Você pode achar que os protestos estimularam atos delinquentes de idiotas, mas não pode ignorar os vídeos, relatos e fotos daquele que ONTEM foi o maior delinquente: o poder público. O sr. Alckmin e o sr. Haddad que deram ordem e compactuaram. A Polícia Militar do Estado de São Paulo. Ontem eu estava tão puto que não conseguia nem mais enxerga-los como seres humanos. Ontem deu vontade de achar que todo PM é um porco (calma). Passei horas vendo Globo News (numa cobertura bem competente), acompanhando o Estado e a Folha, seguindo o feed de pessoas que estavam lá participando ou moravam por perto. E isso bastou. Imagina estar lá.

Hoje, mente descansada, não acho que os PMs são porcos. Mas agiram como delinquentes e devem ser julgados como tal. E assim como manifestantes descontentes, cheios de raiva, trataram o outro lado como eles mesmos não podem ser tratados: uma massa uniforme de inimigos, que vira apenas um grande alvo para dar vazão a todas as suas frustrações. O PM ontem se mostrou menos humano e mais um mecanismo de um aparato – como sempre é acusado. Um aparato de dois partidos opostos que se parecem muito mais que gostariam de deixar transparecer.

"Mas a PM é um mesmo aparato fascista de repressão do Estado e classe média e bla bla bla" / "Mas a PM faz o certo desce a borracha nesses inúteis e restabeleceu a ordem bla bla bla" - viver em um mundo assim é fácil e confortável, tá todo mundo em uma fantasia que esquece que a opinião do outro também merece respeito. E aí vem uma vontade minha. É não tratar o policial como uma besta sem mente como os dois pensamentos radicais querem. É tentar estender o braço e buscar entender o que aconteceu ali dentro da cabeça desses caras. Não é perdoar, nem não responsabilizar. Repito: os maiores delinquentes ontem foram eles. Mas não façam o mesmo que eles fizeram com você, não desumanize. Trate-os com justiça.

Os protestos eram pelo preço do transporte, mas agora não são mais isso (ou só isso). Agora é sobre representação. A polícia é uma parte vital do construto social democrático - e sim, reprimir faz parte. Mas reprimir é diferente de abusar. A policia ontem me representava como cidadão, e eu escolhi e apoio isso. Mas ela traiu essa relação. E ela faz isso as vezes (muitas vezes), mas se precisávamos instaurar uma crise, ontem eu acho que instaurou pra toda uma parcela inteligente da cidade.

Era o papel deles, de garantir que todos convivam em segurança dentro do mesmo balaio, e eles se mostraram ineptos e falhos. Então esse papel é nosso, por enquanto. Façamos melhor. 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Explosions in the Sky no SESC, dia 23.


Nos dias 22 e 23 de maio de 2013 ocorreram em São Paulo duas apresentações da banda americana Explosions in the Sky, realizados na incrível Comedoria do SESC Belenzinho. Consegui ir em ambas as datas, dois shows históricos com algumas diferenças. 

Na segunda data levei meu gravador TASCAM DR-40, defini uma modulação fixa e taquei ele no bolso da blusa: não fui lá pra isso, queria aproveitar o show em sua totalidade, a gravação é só um bônus  Claro, gravou tudo fora de eixo, mas fica de recordação para quem foi e dá alguma ideia para quem não conseguiu. E tem algumas falas minhas e de amigos - porque bem, as vezes conversávamos, e as vezes rolava uma vontade de pontuar a gravação com algo meio zoado.


A capa utilizada aqui é o poster vendido na entrada/saída. Sempre sou a favor desse tipo de iniciativa, é uma forma bem legal de guardar algo do show, e que poderia acontecer sempre por aqui. 


Espaço que pretendo usar para postar textos, links e qualquer coisa.